Recontar a vida



Agora o braço não é mais o braço
erguido num grito de gol.
Agora o braço é uma linha, um traço,
um rastro espelhado e brilhante.
E todas as figuras são assim:
desenhos de luz,
agrupamentos de pontos de partículas,
um quadro de impulsos,
um processamento de sinais.
E assim – dizem – recontam a vida.

Agora retiram de mim a cobertura da carne,
escorrem todo o sangue,
afinam os ossos em fios luminosos e aí estou,
pelo salão, pelas casas, pelas cidades,
parecida comigo.

Um rascunho.
Um forma nebulosa, feita de luz e sombra.
Como uma estrela.
Agora eu sou uma estrela.

Elis Regina

2 comentários:

  1. ha cidades profundamente dramaticas e com um cumplicidade de futuro... de Roma o meu abraço... (desculpa a falta de acentos, mas os computadores italianos nao tem os mesmos que os nossos...)

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  2. cada vez mais perto de ti. um beijo de kobenhavn...

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