FAVOLA DA MEDUSA - AMANHÃ no BAR A BARRACA



- Ana Dias (harpa)

- Bernardo Nascimento (baixo eléctrico)

- Filipe Homem Fonseca (guitarra eléctrica)

- Miguel Martins (baixo eléctrico, piano, melódica, etc.)



A entrada é livre. Apareçam!


Ensinaste-me a não esperar nada.
                          Aprendi.
(e quando o nada se transforma em tudo...)
- Que dor tens agora para me ensinar?

Ana Dias
in Piolho 006



'All men fear death. It's a natural fear that consumes us all. We fear death because we feel that we haven't loved well enough or loved at all, which ultimately are one and the same. However, when you make love with a truly great woman, one that deserves the utmost respect in this world and one that makes you feel truly powerful, that fear of death completely disappears. Because when you are sharing your body and heart with a great woman the world fades away. You two are the only ones in the entire universe. You conquer what most lesser men have never conquered before, you have conquered a great woman's heart, the most vulnerable thing she can offer to another. Death no longer lingers in the mind. Fear no longer clouds your heart. Only passion for living, and for loving, become your sole reality. This is no easy task for it takes insurmountable courage. But remember this, for that moment when you are making love with a woman of true greatness you will feel immortal.'


Ernest Hemingway

A de ARQUIVO DE CABECEIRA



Pequenos crimes entre amigos

Se um dia me pedires,
juro que te empresto
o meu coração, tal como
guardei na boca o pequeno deus
que te trazia tão curioso.
A sério. Deixo-te tocar nele,
sentir-lhe o peso, atirá-lo
contra a parede para depois
o apanhares e retirares a pele
de pêssego demasiado maduro.

Podes até queimá-lo -
com cuidado, por favor -
quando estiver mais frio;
ou enterrares os restos debaixo
das estrelícias, de propósito
por saberes que não as suporto.
Em troca, promete-me apenas
que depois me deixas fugir
para saber como é isso de
passar o resto da vida desembaraçada
finalmente desse peso morto.


Inês Dias



[A de amorosamente abrigado na Piolho 006, aqui e no coração. Obrigada.] 

Piolho 006 - Revista de Poesia



Virás sempre
fazer com que acredite
que o tempo
nesta procura
não acaba.

Gesto exigente
o teu amor
alado.

E nenhum vento que nos perturbe.

Marta Chaves


Put your ear down close to your soul and listen hard *




She is so naked and singular.

She is the sum of yourself and your dream.

Climb her like a monument, step after step.

She is solid.


Anne Sexton *

Quase Outono


É tão verdadeiro esse sítio, esse ofício dos arbustos e dos rios.
És o destino dos meus lábios, da minha boca toda, gretada, seca, só não sei porque demoras, por que razão cumprirás isso com tanta minúcia.

Perturbas-me.
Parte por parte. A vagarosa, que tu acendes, e a velocíssima que eu agravo.

Quero descansar-me. Numa palavra: respirar.

Eduardo White

As palavras
revelam-se insuficientes, a linguagem
fica aquém dos sentimentos
da sua vibração, da sua luz
que quase cega.

...Nenhum
artelho de metáfora poderá
descrever o que sentimos, só aproximações.
A minha língua é pobre - salvo
quando se encontra com a tua...

Egito Gonçalves


Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nús, em sangue, embalando a própria dor
em frente às madrugadas do amor.

Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.

Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e que é passagem.
No interior das coisas canto nua,

Aqui livre sou eu - eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.

Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos actos que vivi,

Mas por tudo de quanto ressoei,
E em cujo amor de amor me eternizei.

Sophia de Mello Breyner Andersen
O Atalho de Rilke - 5 de Abril, 15h

O sol brilha
As árvores rumorejam
O vento sopra
Os arbustos cheiram bem

O mar refulge
As gaivotas gritam
O cão arfa
A pedra aquece

Frases Simples:
Sujeito
Predicado
Sem Complementos

Hans Raimund

rented rooms



There's the same hotel, and we can go there now
We can go there now if you want to
Through the doors of that rented room
Yeah, we stumbled through
It was only hours
It seemed such a short while
We had no time to cry
Or sit and wonder why
We had so many things started to say
We had to get through
We tried the cinema
Within half an hour
We had to go find someplace else
Some more... you know
We tried a drinking bar
It gets so very hard
And when the cab ride ahead seems too long
We go fuck in the bathroom
We can't afford the time to sit and cry
Or to wonder why
We've got so many things started to say
We have to get through
Through the doors of that rented room
Yeah, we stumbled through
We had so many things started to say
We had to get through
We can't afford the time to sit and cry
Or to wonder why
We got so many things started to say
We have to get through
We haven't got the time for telling lies
Or to even try
There's only days in between
There's just tomorrow
Through the doors of that rented room
Yeah, we stumbled through
It was only hours - it seemed such a short while
In those pillows all the feathers that hold all our dreams
Whispered at the scene
Now they just seem to float on a breeze
I could have wrapped that pillow around my head
Face down on the bed
I could have drowned in those so-called dreams
We can't afford the time to sit and cry
Or to wonder why
There's only days in between
There's just tomorrow




(aos amigos, pela noite de ontem e pela música e por, e por... obrigada)
Era uma vez um lugar com um pequeno inferno e um pequeno paraíso, e as pessoas andavam de um lado para outro, e encontravam-nos, a eles, ao inferno e ao paraíso, e tomavam-nos como seus, e eles eram seus de verdade. As pessoas eram pequenas, mas faziam muito ruído. E diziam: é o meu inferno, é o meu paraíso. E não devemos malquerer às mitologias assim, porque são das pessoas, e neste assunto de pessoas, amá-las é que é bom. E então a gente ama as mitologias delas. À parte isso o lugar era execrável. As pessoas chiavam como ratos, e pegavam nas coisas e largavam-nas, e pegavam umas nas outras e largavam-se. Diziam: boa tarde, boa noite. E agarravam-se, e iam para a cama umas com as outras, e acordavam. Às vezes acordavam no meio da noite e agarravam-se freneticamente. Tenho medo – diziam. E depois amavam-se depressa e lavavam-se, e diziam: boa noite, boa noite. Isto era uma parte da vida delas, e era uma das regiões (comovedoras) da sua humanidade, e o que é humano é terrível e possui uma espécie de palpitante e ambígua beleza.

Herberto Helder

that night i knew you were












...i wanna tell you how much i love you
i'm drownin' in the sea of love...

COME WITH ME TO THE SEA



HOPE IS THE THING WITH FEATHERS

emily dickinson

Some Summers They Drop like Flys




(Grata ao Frederico Pedreira)


o vermelhão - é sempre bom para dar nas faces
e na boca, onde o lábio superior, em todo o caso,
deverá ser mais corado do que o de baixo.
Depois abri os olhos a pincel e as sobrancelhas.
HÁ QUEM RIA PARA NÃO CHORAR, GENTE QUE PRATICA
A AUTOMEDICAÇÃO, PROCEDIMENTOS DE ROTINA
PARA ESQUECER AS INFRACÇÕES DA JUVENTUDE.

Envelhecer, envelhecer. Não se importam
que paremos, que façamos outra coisa?

Vítor Nogueira


SEI QUE ME REGE UMA FLOR INSENSATA

vasco gato