Num percurso de ida e volta devem entrar em três buracos dispostos em linha recta, saindo vencedora a criança que chegar primeiro ao buraco inicial. (Edição Revista e Aumentada)
AINDA FÉRIAS
«É precisamente porque não me lembras ninguém que sempre quis encontrar-te em qualquer lugar».
Hugo Pratt
(acrílico sobre cartolina, 18x22, 07/09)
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou de mais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Carlos Drummond de Andrade, in 'O Corpo'
201
(acrílico sobre cartolina, 21x8.5, 07/09)
É que um mundo todo vivo tem a força de um Inferno.
Clarice Lispector
Amor, amor, amor, como não amam
os que de amor o amor de amar não sabem,
como não amam se de amor não pensamos
que de amar o amor de amar não gozam.
Amor, amor, nenhum amor, nenhum
em vez do sempre amar que o gesto prende
o olhar ao corpo que perpassa amante
e não será de amor se outro não for
que novamente passe como amor que é novo.
Não se ama o que se tem nem se deseja
o que não temos nesse amor que amamos,
mas só amamos quando amamos o acto
em que de amor o amor de amar se cumpre.
Amor, amor, nem antes, nem depois,
amor que não possui, amor que não se dá,
amor que dura apenas sem palavras tudo
o que no sexo é sexo só por si amado.
Amor de amor de amar de amor tranquilamente
o oleoso repetir das carnes que se roçam
até ao instante em que paradas tremem
de ansioso terminar o amor que recomeça.
Amor, amor, amor, como não amam
os que de amar o amor de amar o amor não amam.
Jorge de Sena
os que de amor o amor de amar não sabem,
como não amam se de amor não pensamos
que de amar o amor de amar não gozam.
Amor, amor, nenhum amor, nenhum
em vez do sempre amar que o gesto prende
o olhar ao corpo que perpassa amante
e não será de amor se outro não for
que novamente passe como amor que é novo.
Não se ama o que se tem nem se deseja
o que não temos nesse amor que amamos,
mas só amamos quando amamos o acto
em que de amor o amor de amar se cumpre.
Amor, amor, nem antes, nem depois,
amor que não possui, amor que não se dá,
amor que dura apenas sem palavras tudo
o que no sexo é sexo só por si amado.
Amor de amor de amar de amor tranquilamente
o oleoso repetir das carnes que se roçam
até ao instante em que paradas tremem
de ansioso terminar o amor que recomeça.
Amor, amor, amor, como não amam
os que de amar o amor de amar o amor não amam.
Jorge de Sena
2009
(pastel sobre cartolina, 24x34, 07/09)
Desamparada, eu te entrego tudo - para que faças disso uma coisa alegre. Por te falar te assustarei e te perderei? mas se eu não falar, eu me perderei, e por me perder eu te perderia.
É como se tivesse uma moeda e não soubesse em que país ela vale.
Clarice Lispector
A ti eu amo da mesma maneira que gosto de comer pão com sal
ou como ao acordar durante a noite
a arder em febre
para beber água, apoio a boca na torneira
ou como abro cheio de pressa, alegre, inquieto
a pesada encomenda postal sem saber o que contém
a ti eu amo como se pela primeira vez atravessasse o mar de avião
como certas coisas que se agitam dentro de mim
quando suavemente a noite desce sobre Istambul
a ti eu amo da mesma maneira que se diz
" graças ao céu que vivemos..."
Nâzim Hikmet
Poemas da Prisão e do Exílio
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