De Um e de Dois, de Todos

Sou o espectador o actor e o autor
Sou a mulher o marido e o filho
E o primeiro amor e o derradeiro amor
E o furtivo transeunte e o amor confundido

E de novo a mulher seu leito e seu vestido
E seus braços partilhados e o trabalho do homem
E seu prazer em flecha e a fêmea ondulação
Simples e dupla a carne nunca se exila

Pois onde começa um corpo ganho eu forma e consciência
E mesmo quando na morte um corpo se desfaz
Eu repouso em seu cadinho desposo o seu tormento
Sua infâmia me honra o coração e a vida.

 
Paul Eluard, in "Algumas das Palavras"
Trad. António Ramos Rosa






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