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Fica dentro de mim, como se fosse
Eterno o movimento do teu corpo,
E na carne rasgada ainda pudesse
A noite escura iluminar-te o rosto.
No suor é que adivinho o rastro
das palavras de amor que não disseste,
e no teu dorso nu escrevo verso
em pura solidão acontecido.
Transformo-me nas coisas que tocaste,
Crescem-me seios com que te alimente
O coração demente e mal fingido;
Depois serei a forma que deixaste
Gravada a lume com o sabor a cio
Na carícia de um desto fugidio.

António Franco Alexandre

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