12.

E no entanto, embora cada um aspire a encontrar de si saída
como de prisão, que o odeia e detém lá fundo,
há um grande milagre no mundo:
sinto: toda a vida é vivida.

Quem a vive então? São as coisas que no seu estar
como melodia por tocar
ao entardecer como uma harpa hão-de ficar?
São os ventos que das águas sopram,
são os ramos que sinais trocam,
são as flores que os perfumes estão a tecer,
são as longas áleas a envelhecer?
São os animais quentes, que andam,
são os pássaros que estranhamente se elevam?

Quem vive então? Vives tu, meu Deus, a vida como libertação?

Rainer Maria Rilke

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