Num percurso de ida e volta devem entrar em três buracos dispostos em linha recta, saindo vencedora a criança que chegar primeiro ao buraco inicial. (Edição Revista e Aumentada)
um clássico
Quando aqui não estás
o que nos rodeou põe-se a morrer
a janela que abre para o mar
continua fechada só nos sonhos
me ergo
abro-a
deixo a frescura e a força da manhã
escorrerem pelos dedos prisioneiros
da tristeza
acordo
para a cegante claridade das ondas
um rosto desenvolve-se nítido
além
rasando o sal da imensa ausência
uma voz
quero morrer
com uma overdose de beleza
e num sussurro o corpo apaziguado
perscruta esse coração
esse
solitário caçador
Al berto
TINTA POR UMA LINHA (5)
se eu me concentrar num fragmento do tempo
não é hoje, nem amanhã
mas se eu me concentrar num fragmento do tempo,
agora,
esse fragmento revelará todo o tempo.
maria gabriela llansol
No language is the mother tongue. Writing poetry is rewriting it…. A poet may write in French; he cannot be a French poet. That’s ludicrous…. The reason one becomes a poet…is to avoid being French, Russian, etc., in order to be everything…. Yet every language has something that belongs to it alone, that is it…. French: clock without resonance; German—more resonance than clock…. French is there. German becomes, French is.
Marina Tsvetayeva
Marina Tsvetayeva
Da Não Procriação
I.
'Pai! Diz a verdade!'
rapaz na fila do supermercado, 6/7 anos
'Que fruto é este? - pergunta um pequenito apontando para uma montra outonal (uma natureza semi-morta, que, morreria por completo com a resposta do pai):
' Txiii! Não faço ideia' - disse o mesmo pai, olhando a romã com estranheza.
O pequenito seguiu, sem qualquer espécie de hipótese (e) de futuro.
Mas ainda não sabe.
rapaz na rua, 4/5 anos
III.
'Gostas do Pai?'
'Lamento, mas não.'
rapaz ao colo, 3 anos
Tinta por uma Linha (2)
'Aschenbach notava com surpresa um estranho alargamento no seu interior, uma espécie de inquietação dispersa. uma sedenta ânsia juvenil de distância - um sentimento tão vivo, tão novo ou antes há tanto desacostumado e esquecido que ficou imóvel (...)
Era um desejo de viajar, nada mais, porém, emergindo nele na forma de um acesso elevado à paixão ou mesmo à alucinação
(...)
A insaciabilidade, essência e natureza mais profunda do talento, fora já na juventude uma característica sua, e em função dela educara e temperara a sensibilidade, sabendo que todo o talento se deve contentar com o alegre acaso e uma perfeição incompleta.'
A Morte em Veneza,
Thomas Mann
2012 series - TINTA POR UMA LINHA
O MEU ERRO
O meu erro é um rastro fundo no deserto
traçado com o ceptro, a tinta azul bem forte
e sem perder de vista o infinito ignoto,
em permanente risco de ganhar a morte.
O meu erro é um rasgo rubro de furor,
aberto largo num lençol de fresco linho,
a noite toda ígnea a conceber amor,
até sair do fogo um cavalo marinho.
O meu erro é um rito de beleza,
recortado a rigor em som agreste,
plo gume duma faca, com firmeza
e oração cortante aos Pés do Mestre.
António Barahona
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