Custa a crer: Ewald Tragy dorme catorze horas seguidas. E isso numa cama estranha e ascorosa de hotel, e na praça da estação há barulho e sol desde as cinco da manhã. Chega a esquecer-se de sonhar mesmo sabendo que os 'primeiros' sonhos são os que contêm significados mais determinantes. Consola-se a pensar que a partir de agora tudo se pode realizar, quer sonhe quer não, e que tudo se desprende desse dormir vazio, separando-se de todo o anterior, como se de um prolongado, prolongado fio de pensamento se tratasse.
Ewald Tragy,
Rainer Maria Rilke
(trad. Sandra Filipe)
Die Stadt der Träume,
Peter Gogolin
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