As mãos

No extremo do seu braço, onde era de supor que não houvesse senão uma, ele na realidade tinha, uma envolvendo a outra, duas mãos.

Ambas podiam, consoante a ocasião, chamar a si qualquer destas funções - acariciar ou agredir - embora sempre de maneiras diferentes.

Apesar de apenas uma, provavelmente a que mais próxima estava do meu espírito, fazer o mar vir à superfície daquilo em que tocava, era impossível distingui-las, sobretudo pelo facto de elas, sem que alguma vez tenhamos descoberto de que modo, permutarem entre si.
Nunca sabíamos qual de ambas se encontrava grávida da outra.

Luis Miguel Nava

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