Céus e Infernos



Agora estou nu e toda a mentira me é impossível; agora estou nu e todas as palavras são inúteis;

agora estou nu diante da imensidade e não posso ao mesmo tempo com o céu e o inferno.

Este momento trágico, esta pausa, este horror em que cada um se vê na sua essência,

em que cada ser se encontra sós a sós com a sua própria alma, reduzido sem artifícios à sua

própria alma, só tem outro a que se compare, aquele em que cada um vê a alma dos

outros.Porque, por melhor ou pior que tenhamos julgado os outros, vimo-los sempre através de

nós mesmos.

in HÚMUS, RAUL BRANDÃO

2 comentários:

  1. e DELE ainda te posso dizer..." ninguém se conhece a si próprio quanto mais aos outros, e só à superfície ou lá para muito fundo é que nos tocamos todos como as árvores de uma floresta - no céu e no interior da terra..."

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