No repeat



One and one-half wandering Jews
Free to wander wherever they choose
Are travelling together
In the Sangre de Cristo
The Blood of Christ Mountains
Of New Mexico
On the last leg of the journey
They started a long time ago
The arc of a love affair
Rainbows in the high desert air
Mountain passes slipping into stones
Hearts and bones
Hearts and bones
Hearts and bones
Thinking back to the season before
Looking back through the cracks in the door
Two people were married
The act was outrageous
The bride was contagious
She burned like a bride
These events may have had some effect
On the man with the girl by his side
The arc of a love affair
His hands rolling down her hair
Love like lightning shaking till it moans
Hearts and bones
Hearts and bones
Hearts and bones
And whoa whoa whoa
She said:
Why?
Why don't we drive through the night
And we'll wake up down in Mexico
Oh I
I don't know nothin' about nothin'
About Mexico
And tell me why
Why won't you love me
For who I am
Where I am
He said:
'Cause that's not the way the world is baby
This is how I love you, baby
This is how I love you, baby
One and one-half wandering Jews
Return to their natural courses
To resume old acquaintances
Step out occasionally
And speculate who had been damaged the most
Easy time will determine if these consolations
Will be their reward
The arc of a love affair
Waiting to be restored
You take two bodies and you twirl them into one
Their hearts and their bones
And they won't come undone
Hearts and bones
Hearts and bones
Hearts and bones
Hearts and bones

Paul Simon
GHOSTS



Some ghosts are women,
neither abstract nor pale,
their breasts as limp as killed fish.
Not witches, but ghosts
who come, moving their useless arms
like forsaken servants.


Not all ghosts are women,
I have seen others;
fat, white-bellied men,
wearing their genitals like old rags.
Not devils, but ghosts.
This one thumps barefoot, lurching
above my bed.


But that isn’t all.
Some ghosts are children.
Not angels, but ghosts;
curling like pink tea cups
on any pillow, or kicking,
showing their innocent bottoms, wailing
for Lucifer.


Anne Sexton
tão
alta
a
torre

até
seu
tombo
virou
lenda



Paulo Leminski




e, faltando-me a inspiração do Mestre, posso morrer gelado
antes de conseguir sair para a chuva branca.

Frank O'Hara



No próximo dia 19 de Novembro, pelas 22h, lançamento do livro
"Napule", de Vasco Gato, editado pela Tea For One.
No bar Bartleby (Rua da Imprensa Nacional, 116 b - cave do restaurante BS).

If i can't dance, i don't want to be part of your revolution.
Emma Goldman

Às vezes as cidades são assim

O que nos induz efectivamente?
Uma hospitalidade sem limites?

Por essa altura, apesar de atormentados
pela névoa, descobríamos missões
na caixa do correio. Talvez por hábito,
procurávamos uma rua cheia
e contudo inacabada: vidas
que por um instante corriam paralelas,
                                                       coisas em que só tínhamos de pensar
                                                       por pouco tempo.



Com isto, ao fim da noite perdíamos
a noção dos factos - era esse o punhal
que Lisboa costumava espetar
nas nossas costas. Às vezes as cidades
são assim, abrem buracos em tudo.
Gosto de pensar que Lisboa
nunca nos faria tal coisa
se achasse que não aguentávamos.

Vítor Nogueira

04.Novembro.1943

Às vezes o mundo inteiro
não chega para nos escondermos:
estranhos que se intrometem
diálogos que terminam sem esperança,
desculpas que não pegam,
nem em bazares de Marrocos.

Vítor Nogueira

Hoje fazias anos. Fazes.
No meu peito fazes uma coisa estranha.
Fazes pouco.
Não fazes falta.
Um dia digo-te isto, muito baixinho ou muito alto,
para que talvez ouças, para que deixe de te ouvir.

Eu era mais ou menos,
era muito jovem.
Precisava de ti.
Como os filhos precisam dos pais, às vezes, até muito tarde.
Para que o coração não doa.

Parabéns por teres ido.
Por escolheres outro sangue.
Por seguires a tua vida.
Por não acabares de medir a minha altura
na escala inventada à pressa na parede,
que te mostraria até onde era capaz de chegar.
Um metro e setenta e dois.
Saiste aos cinquenta e três...
podia ficar grande demais.

E na verdade, vistas bem as coisas,
nem me deixaste para trás.
Parabéns.


Sandra Filipe
Amo-te com ar
Amo-te a amar
Amo-te muito
Amo-te com o peito
Com o pé
Com o peito do pé
Com a mão no peito
Com a boca
Com fé

Amo-te com tempo
Com força
Com vontade
Com força de vontade
Com paixão
Com fome
Com casas
Com sangue
Com calor
Com querer

Amo-te sem pé
Sem fôlego
Sem tempo
Sem morada
Sem ar
Sem medo
Sem frio
Sem pensar
Sem verbos
Sem lei
Sem
Sem palavras

Amo-te como se tem fome
Amo amar-te
e respiro com isso.

Sandra Filipe